outubro 14, 2011

Palavras ao Vento (carta nº 1)

Escolhi-te a ti, Vento áspero e fiel, porque sei que as minhas palavras não te irão despertar qualquer interesse e guardarás o meu segredo nas tuas entranhas. Ainda não me tinhas dito que as coisas nunca correm como nós esperamos; que de um dia para o outro ficamos de cabeça para baixo; que criar expetativas é o pior que podemos fazer a nós próprios, pois nada corre como nós imaginámos. 
Sei que foste tu (não tentes esconder) que o trouxeste até mim e eu ajoelho-me a teus pés e faço uma vénia como forma de agradecimento. Ele dá-me quase tudo, mas as palavras já não matam a cede, sou ambiciosa e quero mais! Não achas que me devias castigar, oh Vento impiedoso? Ou és da mesma opinião que eu, e achas que a situação já é complicada o suficiente, já é castigo à medida? Ele já me deixa saudade, nas horas de ausência e nos dias em que os nossos olhares não se interlaçam discretamente. As tuas respostas são tão superficiais e pouco nítidas que custo a entende-las. Sei que quando passas por mim e me percorres até ao coração, sabes que eu não o amo, mas que estou apaixonada por ele, não sabes? Então agora responde-me com clareza, oh Vento da minha guarda, esta paixão não é sólida o suficiente para aguentar águas e tempestades, cairá à mínima catástrofe e estaremos nós os dois, eu e ele, prontos para cair? Ou mais cruel, estaremos nós os dois prontos para deixar ir quando tiver que ser? 

A tua amiga, Ana.





3 comentários:

Joana disse...

gostei muito *-*

cláudiagomes. disse...

Então agora responde-me com clareza, oh Vento da minha guarda, esta paixão não é sólida o suficiente para aguentar águas e tempestades, cairá à mínima catástrofe e estaremos nós os dois, eu e ele, prontos para cair? - perfeito.

Anónimo disse...

gostei imenso..