It's raining outside and inside

Bum! Um trovão rompeu nos céus e eu estremeci. Primeiro de Setembro e já a agua corre nas bermas da rua e entope as sarjetas. As janelas estão todas entre-abertas, bem como as cortinas que estão presas com atilhos. A minha mãe sempre gostou de ouvir a pluvia, perdia-se a olhar lá para fora, e quanto mais intensa ela era, mais ela gostava. E quando chove granizo, oh, quando chove granizo, ela dispersa-se por completo, é como se tudo o que importa no momento, é observar através da janela as pedras de granizo e ouvi-las quebrar no chão. Bum -novamente, mas mais perto logo mais forte-. Desta vez não me assustei, estava mais pasmada com as coisas que só agora consegui ver. As minhas mãos tremiam e os meus olhos começaram a alagar, como as ruas lá fora. Como é que eu alguma vez pensei que poderíamos voltar à amizade que tínhamos  Eu não sei... Não sei mesmo... Mas não pudemos e agora sou eu que não quero! Estou tão frustrada, arrebataste-me por completo. E sabes uma coisa? Desta vez não fui eu que falhei, não fui eu que errei, não fui eu que me afastei! Estou realmente chateada e tudo o que me apetece fazer é gritar e bater com os pés! Sem mais forças para as reter, deixei que as lágrimas escorressem pela minha cara. Não vou nunca esquecer aquilo que vivemos ao longo destes 9 anos e também não te vou esquecer a ti, mas vais ter que me desculpar, mas eu vou-me afastar de ti, porque não, não está tudo bem! Os meus olhos estavam como o céu lá fora -"cinzentos"- e a minha cara como as ruas -molhada- e o meu coração... bem o meu coração estava como um pedra de granizo -gelado e partido-.